Sintomas, Exames e Diagnóstico Precoce do Câncer de Próstata

Eder Nisi Ilario

1. Introdução

O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais frequente entre homens no Brasil . Apesar de sua alta incidência, muitas vezes não provoca nenhum sintoma nas fases iniciais. Por isso, a detecção precoce — a partir dos 45 anos para aqueles com fatores de risco ou 50 anos para a população geral — é fundamental para garantir tratamentos menos agressivos, melhores taxas de cura e preservação da qualidade de vida .

2. Câncer de Próstata é Silencioso: Sintomas Iniciais

Assintomático na maior parte dos casos

Nas fases iniciais, o tumor costuma crescer sem causar dor ou mudanças perceptíveis na função urinária .

Sintomas tardios

  • Dificuldade para urinar ou jato urinário fraco
  • Urgência ou aumento na frequência urinária, especialmente à noite
  • Presença de sangue na urina ou no sêmen
  • Dor lombar ou pélvica, em casos avançados

Por que isso importa?

A ausência de sintomas não significa ausência de doença. Quando aparecem sinais urinários, o câncer pode já estar em estágio avançado. Além disso, condição benigna como a hiperplasia prostática benigna (HPB) pode provocar exatamente os mesmos sintomas.

3. Principais Exames para Detecção

Homens a partir dos 45 anos devem realizar periodicamente os seguintes exames:

1.PSA (Antígeno Prostático Específico)

  • Exame de sangue que mede a concentração de PSA.
  • Valores elevados podem indicar inflamação (prostatite), hiperplasia prostática benigna (HPB) ou câncer.

2.Toque Retal

  • Avaliação física da próstata pelo médico.
  • Ótimo exame para detectar tumores maiores.
  • Permite identificar nódulos ou áreas endurecidas.

3.Ressonância Magnética Multiparamétrica (RMmp)

  • Exame de imagem avançado que, além de detectar lesões suspeitas, permite avaliar toda a glândula prostática .
  • Vantagem : 1) Identifica tumores pequenos que podem passar despercebidos no toque retal ou tumores com valor de PSA normal. 2) Possibilita visualização completa da próstata e classificação das lesões pelo sistema PI-RADS (1–2: baixa probabilidade de câncer; 3: risco intermediário; 4–5: alta probabilidade).

Frequência recomendada:

A cada 1–2 anos, conforme orientação médica e resultados anteriores.

4. Ressonância Magnética Multiparamétrica da próstata

O que é?

  • Exame que combina sequências em T2, Difusão (DWI) e Perfusão (DCE) para caracterizar tecidos da próstata e nódulo suspeito.

Como funciona?

  • Paciente deitado em scanner de alto campo magnético (1,5–3T)
  • Uso de bobinas específicas para melhorar a captação de sinal
  • Aquisição de diferentes mapas de imagem (T2, ADC, curva de realce)

Indicações principais:

  • Exame de screening em paciente com risco elevado
  • PSA elevado com toque retal sem alterações
  • Biópsia prévia negativa e PSA persistentemente alto
  • Planejamento de tratamento e mapeamento de lesões

Vantagens da Rnm:

  • Detecta tumores pequenos (<5 mm)
  • Visualiza toda a próstata , incluindo regiões anteriores
  • Classifica lesões pelo escore PI-RADS , auxiliando na decisão de biópsia
  • Reduz número de biópsias desnecessárias

5. Confirmação Definitiva: Biópsia Prostática

Embora a elevação do PSA, o toque retal e a ressonância multiparamétrica possam levantar suspeita de câncer de próstata, somente a biópsia confirma a presença de células malignas e determina o grau de agressividade (escala de Gleason). As duas abordagens mais comuns são:

5.1 Biópsia Transretal

Procedimento: agulha guiada por ultrassom transretal.

Vantagens:

  • Maior disponibilidade em clínicas e hospitais
  • Procedimento rápido e coberto pelo convênio na maioria dos casos

Desvantagens:

  • Risco de infecção e prostatite
  • Dificuldade de atingir áreas anteriores da próstata

5.2 Biópsia Transperineal

Procedimento: agulhas inseridas através da pele do períneo, guiadas por ultrassom ou ressonância.

Vantagens:

  • Risco de infecção significativamente menor (agulha não passa pelo reto onde tem bactérias)
  • Amostragem completa de toda a próstata, incluindo zonas anteriores

Desvantagens:

  • Levemente mais dolorosa no pós-procedimento, exigindo analgesia adicional, mas bem tolerado.
  • Procedimento um pouco mais longo
  • Pode haver custo adicional quando o convênio não cobre esse procedimento

6. Benefícios do Diagnóstico Precoce

Tratamentos Menos Agressivos

  • Cirurgia robótica com alta precisão e excelente recuperação
  • Preservação de estruturas nervosas e do esfíncter (músculo que segura a urina)

Preservação da Continência Urinária

  • Menor risco de incontinência urinária após prostatectomia

Preservação da Potência Sexual

  • Maior chance de recuperar uma boa função erétil

Alta Taxa de Cura

  • Quando diagnosticado em estágio localizado, a sobrevida a 5 anos supera 95%

7. Recomendações Práticas de Acompanhamento

Com base na densidade de PSA (PSA total ÷ peso estimado da próstata) e no escore PI-RADS da ressonância multiparamétrica, a decisão pela biópsia deve considerar ambos parâmetros:

PI-RADS 1–2:

  • Densidade de PSA ≤ 0,20: manter acompanhamento anual com PSA, toque retal e/ou RMmp conforme indicado.
  • Densidade de PSA > 0,20: considerar biópsia de próstata.

PI-RADS 3:

  • Densidade de PSA > 0,20: realizar biópsia.
  • Densidade de PSA entre 0,15–0,20: considerar fortemente a biópsia .
  • Densidade de PSA < 0,15: repetir RMmp em 6 meses e reavaliar (alguns pacientes podem necessitar de biópsia)

PI-RADS 4–5:

  • Indicação de biópsia independentemente da densidade de PSA .

Como calcular a densidade de PSA:

PSA total (ng/mL) ÷ volume estimado da próstata (cm³, equivalente a g). Utilize medidas estimativa ultrassonográfica ou da ressonância magnética para determinar o volume prostático.

A densidade de PSA considera o peso da próstata, melhorando a discriminação entre elevação benigna e risco elevado de câncer clinicamente significativo .

8. Perguntas Frequentes (FAQs)

Q1. Quais são os principais sinais de alerta para o câncer de próstata?

– Geralmente, no início não há sinais claros; alterações como jato fraco ou urgência urinária podem ocorrer, mas também são comuns em condições benignas.

Q2. Por que é importante realizar exames de PSA, toque retal e/ou ressonância magnética regularmente a partir dos 45 anos?

– Esses exames detectam anomalias prostáticas antes do aparecimento de sintomas, possibilitando diagnóstico precoce, tratamentos menos invasivos e melhores taxas de cura.

Q3. Qual o papel da ressonância magnética multiparamétrica na avaliação da próstata?

– A RMmp fornece imagens detalhadas, identifica áreas suspeitas, classifica lesões pelo escore PI-RADS e ajuda a direcionar a necessidade e o local da biópsia.

Q4. O que determina a escolha entre biópsia transretal e transperineal?

– Fatores como localização da lesão, risco de infecção e necessidade de amostragem anterior da próstata. A decisão deve ser tomada junto ao urologista, considerando perfil do paciente e recursos disponíveis.

Q5. Homens com histórico familiar de câncer de próstata devem iniciar exames mais cedo?

– Sim, aqueles com pai ou irmão com câncer de próstata devem começar a triagem antes dos 45 anos para aumentar as chances de detecção precoce.

Q6. Qual a taxa de sucesso no tratamento do câncer de próstata detectado precocemente?

– Quando diagnosticado em estágio localizado, a sobrevida a 5 anos supera 95%, com intervenções menos agressivas e preservação de funções como continência e potência sexual.

9. Conclusão

O câncer de próstata pode ser silencioso, mas não precisa ser letal. Homens a partir dos 45 anos devem conversar com um urologista de confiança e manter rotina de exames. A combinação de PSA, toque retal, ressonância multiparamétrica e, se indicado, biópsia (transretal ou transperineal) garante diagnóstico precoce, tratamento menos invasivo e alta chance de cura com qualidade de vida. O câncer de próstata é repleto de detalhes. Faça a sua avaliação e seguimento com um urologista especialista no tratamento de câncer de próstata.

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