Descobri um Nódulo ou Pólipo na Bexiga: E Agora? Entenda os Próximos Passos

Receber o diagnóstico de nódulo na bexiga ou pólipo vesical após um exame de imagem pode causar muita apreensão. Esse diagnóstico se refere a crescimentos anormais na parede interna da bexiga . No entanto, é importante saber que nem todo nódulo é câncer , e mesmo quando se trata de um tumor, existem tratamentos eficazes e um caminho bem definido a seguir.
Neste artigo, explico de forma clara os próximos passos após esse diagnóstico , como é feita a investigação, quais os tipos de tumor de bexiga e como o tratamento é direcionado de acordo com a camada da bexiga que foi acometida .
1º Passo: RTU de Bexiga (Ressecção Transuretral da Bexiga)
O primeiro passo após o diagnóstico de um nódulo ou pólipo na bexiga é a realização da RTU de bexiga . Essa é uma cirurgia endoscópica minimamente invasiva , feita por via uretral (sem cortes), que tem como objetivo:
- Remover o nódulo ou lesão identificada
- Enviar o material para biópsia (anatomopatológico)
Esse exame é essencial para determinar se o tumor é benigno ou maligno, qual sua agressividade e até onde ele se estende na parede da bexiga. Além disso, classifica o tumor em baixo ou alto grau.
Exames de imagem também são fundamentais
Além da RTU, é necessário realizar exames de imagem para avaliar com mais precisão a extensão da doença . Os principais exames solicitados são:
- Tomografia computadorizada (TC) de abdome e pelve
- Ressonância magnética (RM) da pelve
Esses exames ajudam a:
- Verificar a localização e profundidade do tumor
- Avaliar o comprometimento das camadas da bexiga e estruturas e órgãos adjacentes
- Detectar linfonodos suspeitos ou metástases (quando o tumor se espalha para outros órgãos)
Entendendo a estrutura da bexiga: 3 camadas
A parede da bexiga é formada por três camadas principais:
- Mucosa (camada interna)
- Submucosa
- Camada muscular (camada mais profunda)
A profundidade da invasão tumoral em relação a essas camadas é o principal fator que define o prognóstico e o tratamento adequado .
1.Tumor restrito à mucosa (pTa na biópsia):
- Diagnóstico: Tumor superficial, não invasivo
- Tratamento: RTU de bexiga pode ser curativo
- Risco: Alta chance de recidiva (retorno do tumor) ao longo do tempo
- Importante: Se na RTUb apresentar múltiplos tumores, pode ser necessário nova RTU bexiga em alguns pacientes. Se o tumor recorrer após o primeiro tratamento, pode ser indicado BCG intravesical mesmo em tumor restrito a mucosa (pTa).
O grau histológico (baixo ou alto grau), identificado na biópsia, também ajuda a direcionar o tratamento:
- Tumores de baixo grau : costumam ser tratados apenas com RTU e acompanhamento com cistoscopia (exame feito com uma câmera fina que visualiza o interior da bexiga pela uretra) e exames de imagem .
- Tumores de alto grau : mesmo restritos à mucosa, podem necessitar de tratamento intravesical com BCG , que reduz o risco de recorrência e progressão.
2.Tumor invade a submucosa (pT1 na biópsia):
- Diagnóstico: Tumor não muscular invasivo, porém mais agressivo que pTa
- Tratamento: RTU de bexiga seguida de tratamento intravesical com BCG (após remover todas as lesões)
- Objetivo: Reduzir o risco de recidiva e/ou evolução para doença mais avançada e invasiva
- Importante: É recomendada uma nova RTU de bexiga após algumas semanas para verificar se há tumor residual ou novas lesões dentro da bexiga.
➡️ No pT1, o uso de BCG intravesical é sempre indicado , independentemente do grau, devido ao maior risco de progressão.
💉 Como é feito o tratamento com BCG intravesical?
O BCG intravesical é uma forma de tratamento feita diretamente dentro da bexiga, sem necessidade de cirurgia ou internação. O objetivo é estimular o sistema imunológico local para evitar que o tumor volte ou se espalhe.
Veja como funciona:
1.Aplicação pela uretra :
O urologista introduz o BCG líquido na bexiga através de uma sonda fina pela uretra (o mesmo caminho usado para coletar urina).
2.Tempo de permanência :
O paciente precisa reter o líquido na bexiga por cerca de 2 horas , para que o medicamento tenha efeito.
3.Tratamento em etapas :
- A fase inicial costuma ter 1 aplicação por semana durante 6 semanas .
- Em alguns casos, é indicado um esquema de manutenção , com aplicações menos frequentes por vários meses.
4.Ambulatório e retorno para casa :
O paciente faz o procedimento em ambiente ambulatorial e volta para casa no mesmo dia, com orientações simples de cuidados e higiene.
5.Efeitos colaterais possíveis :
Pode haver ardência ao urinar , aumento da frequência urinária ou pequeno sangramento temporário. Na maioria das vezes, esses sintomas são leves e autolimitados.
3.Tumor invade a muscular (pT2 na biópsia):
Diagnóstico: Tumor invasivo, com potencial de se espalhar para outras partes do corpo
Tratamento padrão:
- Quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia)
- Cistectomia radical (retirada completa da bexiga)
- Reconstrução urinária , com duas opções principais:
- Neobexiga : reconstrução com alça intestinal, permitindo urinar pela uretra
- Derivação tipo Bricker : saída de urina para uma bolsa coletora pela parede abdominal
Por que a vigilância é essencial?
Mesmo tumores não invasivos (pTa e pT1) apresentam alto risco de recorrência . Por isso, o acompanhamento cuidadoso é fundamental para detectar novas lesões precocemente.
A vigilância inclui:
- Cistoscopia periódica
- Exames de imagem
- Citologia urinária em alguns casos
- Consultas regulares com o uro-oncologista
Resumo: passo a passo após diagnóstico de nódulo vesical
1.RTU de bexiga para retirada da lesão e envio para biópsia
2.Tomografia ou ressonância magnética para estadiamento e avaliação de metástases
3.Análise do anatomopatológico para definir:
- Profundidade do tumor (mucosa, submucosa, muscular)
- Grau histológico (baixo ou alto grau)
4.Tratamento individualizado :
- RTU isolada
- RTU + BCG
- Quimioterapia + cistectomia com reconstrução
5.Acompanhamento rigoroso com cistoscopia e exames de imagem
FAQs sobre nódulos e pólipos na bexiga
Qual é o primeiro passo após o diagnóstico de um nódulo na bexiga?
O primeiro passo geralmente é a realização de uma Ressecção Transuretral da Bexiga (RTU) para remover o tecido anômalo e permitir uma análise mais detalhada.
Qual a diferença entre um tumor na mucosa e na camada muscular da bexiga?
Um tumor limitado à mucosa (pTa) é menos agressivo e geralmente tratado com RTU e vigilância. Já um tumor que invade a camada muscular (pT2) requer mais intervenção, incluindo cirurgia e quimioterapia.
Como é feita a vigilância para evitar a recidiva de pólipos na bexiga?
A vigilância envolve cistoscopias regulares e exames de imagem para monitorar a área tratada e detectar possíveis recorrências precocemente.
O que é terapia intravesical com BCG?
A terapia BCG é um tratamento intravesical que utiliza uma forma de bactéria viva atenuada para estimular o sistema imunológico, reduzindo a recorrência de tumores superficiais (pTa e pT1).
Tumores da bexiga sempre necessitam de cirurgia invasiva?
Nem sempre. O tratamento depende da invasão do tumor. Tumores superficiais podem ser tratados com RTU e vigilância, enquanto invasões mais profundas podem requerer cirurgia.
É possível evitar a formação de pólipos na bexiga?
Embora nem todos os casos possam ser prevenidos, manter uma dieta saudável, evitar fumar e realizar exames médicos regulares pode ajudar a reduzir o risco.
Conclusão: diagnóstico precoce e acompanhamento fazem toda a diferença
Descobrir um nódulo ou pólipo na bexiga pode assustar, mas com o acompanhamento correto e tratamento personalizado, os resultados costumam ser muito positivos.
Cada caso é único. Se você ou um familiar recebeu esse diagnóstico, procure avaliação com um urologista especializado em tumores urológicos. Um plano de cuidado bem estruturado faz toda a diferença.