Entenda mais sobre Incontinência Urinária

Dr. Eder Nisi Ilario

Introdução


A incontinência urinária é a incapacidade de segurar a urina de forma voluntária. Embora possa ocorrer em homens, é mais comum em mulheres após os 50 anos. Isso ocorre porque o canal da urina feminino é mais curto e o assoalho pélvico tem uma estrutura muscular mais frágil, especialmente após gestações ou devido à flacidez muscular associada ao envelhecimento.

Existem dois tipos principais de incontinência urinária:

Incontinência urinária de esforço: ocorre ao tossir, espirrar, rir ou fazer exercícios físicos.
Incontinência urinária de urgência (urge-incontinência): a perda ocorre após uma vontade súbita e intensa de urinar, sem tempo de chegar ao banheiro.

Em alguns casos, pode haver incontinência mista, quando os dois tipos estão presentes simultaneamente.

Sintomas

A dificuldade em segurar a urina pode estar relacionada a diversas condições, incluindo infecção urinária, cálculo vesical, tumor na bexiga ou doenças neurológicas, como Parkinson, AVC ou lesões na medula.

Os sintomas variam de acordo com o tipo de incontinência:

Incontinência urinária de esforço:

  • Perda urinária ao realizar esforço físico, como tossir, espirrar, rir ou levantar peso.
  • Sensação de umidade na roupa íntima após atividades do dia a dia.
  • Ocorre por fraqueza do assoalho pélvico, que não consegue conter a urina diante do aumento da pressão intra-abdominal.

Incontinência urinária de urgência:

  • Sensação repentina e intensa de necessidade de urinar.
  • Perda involuntária de urina antes de chegar ao banheiro.
  • Associada à bexiga hiperativa, que contrai de forma anormal.
  • Pode ocorrer mesmo sem doenças associadas, mas também pode estar ligada a infecções urinárias e problemas neurológicos.

Outros sintomas podem incluir aumento da frequência urinária, noctúria (necessidade de urinar várias vezes à noite) e dificuldade para esvaziar completamente a bexiga.

Fatores de risco

A incontinência urinária é pelo menos duas vezes mais comum em mulheres e sua incidência aumenta com a idade. Os principais fatores de risco incluem:


Gestação e parto normal: podem enfraquecer o assoalho pélvico.
Doenças neurológicas: como AVC e Parkinson.
Obesidade: aumenta a pressão intra-abdominal e sobrecarrega a bexiga.
Diabetes: pode comprometer o funcionamento dos nervos que controlam a bexiga.
Infecções urinárias recorrentes: podem irritar a bexiga e piorar os sintomas.

Diagnóstico

O diagnóstico da incontinência urinária é feito com história clínica detalhada, exame físico e exames complementares, quando necessário.


Exame de urina: identifica infecção urinária.
Ultrassonografia pélvica: avalia anormalidades na bexiga, como tumores ou cálculos vesicais.
Cistoscopia: exame endoscópico que avalia o interior da bexiga (indicado para casos específicos).
Estudo urodinâmico completo: exame que avalia a fase de enchimento da bexiga e a capacidade de segurar a urina.

Como funciona o estudo urodinâmico?


  • São passadas duas sondas finas pela uretra: uma para encher a bexiga e outra para medir sua pressão.
  • Uma terceira sonda é inserida no reto para medir a pressão intra-abdominal.
  • Durante o exame, avalia-se a resposta da bexiga ao enchimento e a presença de contrações involuntárias.
  • O médico também solicita ao paciente que tussa ou faça força para avaliar se há perda de urina (incontinência de esforço).

Esse exame é essencial para definir o tipo e a gravidade da incontinência, orientando o melhor tratamento.

Tratamento

O tratamento depende do tipo e da intensidade da incontinência urinária.

1. Tratamento da incontinência de urgência

Medicamentos: ajudam a relaxar a bexiga e reduzir as contrações involuntárias.
Aplicação de toxina botulínica na bexiga: indicada para casos resistentes ao tratamento medicamentoso. A toxina reduz as contrações anormais da bexiga e melhora o controle urinário.

2. Tratamento da incontinência de esforço

Fisioterapia do assoalho pélvico: exercícios específicos ajudam a fortalecer os músculos responsáveis pela continência urinária.
Biofeedback e eletroestimulação: técnicas que auxiliam na reabilitação da musculatura pélvica.
Cirurgia de Sling:

  • Procedimento minimamente invasivo no qual uma faixa de tecido sintético (sling) é posicionada sob a uretra.
  • Essa faixa cria um suporte que impede a perda urinária durante esforços.
  • Taxa de sucesso entre 80-90%, com recuperação rápida e pouca dor pós-operatória.

Se houver prolapso genital ("bexiga caída"), pode ser necessária uma cirurgia combinada para correção do prolapso e da incontinência.

Orientação ao paciente

Pratique atividades físicas regularmente para fortalecer a musculatura pélvica.
Mantenha um peso saudável para reduzir a pressão sobre a bexiga.
Evite cafeína, álcool e tabaco, que podem irritar a bexiga e aumentar a frequência urinária.
Controle o diabetes e outras doenças associadas.
Beba bastante água, mas reduza o consumo antes de dormir para evitar micção noturna frequente.
Programe suas idas ao banheiro a cada 2-3 horas para evitar perdas involuntárias.

Se você apresenta sintomas de incontinência urinária, procure um especialista em urologia feminina para avaliação e tratamento adequado. Há opções eficazes para melhorar sua qualidade de vida!

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